quarta-feira, 9 de março de 2011

Sacrificio

(...) A  história  falava  de uma princesa, a unica filha  que restava ao  pai idoso. O chefe adorava  a filha   e  escolheu com cuidado  um marido para ela:  um jovem  chefe guerreiro  da  tribo Clatsop que a amava. As  duas  tribos  se  juntaram  para as comemorações  do casamento. Mas  antes do começo da festa, uma doença  terrível  começou a matar muitos  homens.
Os anciões  e os chefes  se reuniram  para discutir  o que poderia  fazer   contra a doença  devastadora  que  dizimava  rapidamente  seus  guerreiros. O  curandeiro   mas velho  contou que seu pai, perto de  morrer, já bem idoso, havia previsto  uma doença  terrível que mataria  seus homens,  uma  doença  que só poderia ser vencida  se a filha de um chefe,  pura e  inocente,  oferecesse de boa  vontade a vida pelo seu povo. Para  realizar  a profecia, ela  deveria subir  voluntariamente  num penhasco acima  de Grande Rio  e pular  para a morte  nas rochas baixas.
Uma duzia de jovens, todas  filhas  de varios chefes,  foram trazidas  diante do conselho. Depois  de demorados debates, os anciãos  decidiram  que não poderiam  pedir um sacrificio  tão precioso, sobretudo porque não sabiam se a lenda era verdadeira.
Mas a doença continuou  se espalhando implacável entre os homens, e  finalmente  o jovem guerreiro,o  futuro esposo, caiu doente. A  princesa, que o amava muito, soube  no fundo  do coração  que algo precisava  ser feito e,  depois  de lhe dar  um leve beijo  na testa,  afastou-se.
Demorou toda a noite  e  todo o dia seguinte para chegar ao local  indicado na lenda, um penhasco  altissimo  acima  do Grande Rio  e das terras mais além. Depois de orar  e se entregar ao  Grande Espirito, ela  cumpriu  a profecia  sem hesitar, pulando para a morte  nas  rochas abaixo.
Nas  aldeias, na manha  seguinte,  doentes  se levantaram  saudáveis  e  fortes. Houve grande  jubilo  e  comemoração, até que  o  jovem guerreiro descobriu que sua  adorada  noiva havia  sumido. À  medida  que a percepção  do que  acontecerá  se espalhava rapidamente  entre  o povo, muitos  empreenderam  a jornada  até o lugar  onde sabiam  que iriam encontra-la. Enquanto  se reuniam em silêncio  ao redor  do corpo destroçado  na base do  penhasco, seu pai, tomado  pelo sofrimento, gritou  para o Grande Espirito, pedindo que  o sacrificio  dela fosse  lembrado  para sempre. Nesse momento, do lugar de onde  ela teria  pulado  começou a jorrar   água, tranformando-se em uma névoa  fina que  caia aos pés deles,  lentamente formando  um lago maravilhoso.




















(A Cabana cap.02    pag's. 30 e 31)

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